segunda-feira, 21 de julho de 2014

Equipas do passado: Sertanense em 1987/88



Era um objectivo há muito sonhado e que dividia opiniões na vila da Sertã: a subida à 3.ª Divisão Nacional. Em 1979, esse objectivo esteve quase a ser alcançado, o mesmo sucedendo na época de 1986/87. Todavia, foi preciso esperar até à temporada de 1987/88 para conseguir tal desiderato.
Os números finais podem indiciar que o campeonato foi fácil para o Sertanense, mas isso não corresponde minimamente à verdade, como sublinhou o treinador do Sertanense, António Pereira, no final da prova, em entrevista ao jornal A Comarca da Sertã: “Foi um título muito difícil. Embora as pessoas digam que foi extremamente fácil, eu não sou dessa opinião, porque além do nível das equipas que estiveram contra nós, ainda tivemos um problema muito grande – é que a Sertã, ao nível da arbitragem, deve estar muito mal vista, por causa dos problemas que se antecederam no clube e todas equipas de arbitragem prejudicaram o Sertanense. Tivemos de facto a felicidade de ser uma equipa superior, uma equipa humilde e foi essa humildade que nos levou à conquista do título”.
O título começou a construir-se mais cedo, bem antes da época se ter iniciado. A Direcção do Sertanense, comandada por Luís Farinha, assegurou, desde logo, a continuidade de boa parte dos jogadores que haviam integrado o plantel na época anterior, a que se juntaram alguns juniores de grande valia como Luís Salgueiro e Rui Gouveia e mais três reforços de equipas vizinhas.
A contratação de António Pereira para o cargo de treinador foi um bom exemplo das aspirações do clube para este campeonato, uma vez que o técnico era um homem com alguma experiência no futebol nacional.
A estreia do Sertanense no Distrital não foi feliz, uma vez que a equipa saiu derrotada (0-1) da deslocação ao terreno do Desportivo de Castelo Branco. Com a segunda jornada chegou a primeira vitória (3-2 ao Covilhã-e-Benfica), seguindo-se um empate (1-1) em Proença-a-Nova.
As surpreendentes derrotas em casa com o Paul e fora com o Águias de Moradal (ambas por 1-0) fizeram soar o alarme entre os jogadores, que, a partir da sexta jornada, encetaram uma caminhada triunfante de nove vitórias consecutivas, com alguns resultados bem dilatados pelo meio (8-0 ao Idanhense e 5-2 ao Teixosense).
Este fantástico ciclo foi apenas interrompido à passagem da 15.ª jornada, com uma derrota (0-3) no campo do Covilhã-e-Benfica. Depois deste desaire, mais uma série de nove vitórias consecutivas.
A supremacia da formação sertaginense foi reconhecida por todos. Os jornais do distrito não poupavam elogios e os sócios acorriam em massa aos jogos da equipa. Silva João, Mota, Luís António, Henrique, Alfredo, Salgueiro, Carlos Marcelino, Girão, José Marques, Jorge Coelho, Rui Barata, José Carlos, Rui Gouveia, Paulino ou Vítor Farinha eram alguns dos jogadores que, com o seu futebol, faziam as gentes da Sertã sonhar mais alto.
E o sonho tornou-se realidade. Um empate (1-1) nos Escalos de Cima e uma goleada (5-0) ao Teixosense foram os últimos capítulos de uma história que teve um final feliz: a subida à 3.ª Divisão Nacional. E o clube ainda arrecadou a Taça Disciplina no final da prova.
Esta temporada ficou ainda marcada pela estreia do Sertanense em competições de cariz nacional, neste caso a Taça de Portugal. Depois de ter ficado isento na primeira eliminatória, o conjunto da Sertã saiu derrotado (1-2) do confronto diante do Fátima.

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