Era um objectivo há muito sonhado e que dividia opiniões na
vila da Sertã: a subida à 3.ª Divisão Nacional. Em 1979, esse objectivo esteve
quase a ser alcançado, o mesmo sucedendo na época de 1986/87. Todavia, foi
preciso esperar até à temporada de 1987/88 para conseguir tal desiderato.
Os números finais podem indiciar que o campeonato foi fácil
para o Sertanense, mas isso não corresponde minimamente à verdade, como
sublinhou o treinador do Sertanense, António Pereira, no final da prova, em
entrevista ao jornal A Comarca da Sertã: “Foi um título muito difícil. Embora
as pessoas digam que foi extremamente fácil, eu não sou dessa opinião, porque
além do nível das equipas que estiveram contra nós, ainda tivemos um problema
muito grande – é que a Sertã, ao nível da arbitragem, deve estar muito mal
vista, por causa dos problemas que se antecederam no clube e todas equipas de
arbitragem prejudicaram o Sertanense. Tivemos de facto a felicidade de ser uma
equipa superior, uma equipa humilde e foi essa humildade que nos levou à
conquista do título”.

O título começou a construir-se mais cedo, bem antes da
época se ter iniciado. A Direcção do Sertanense, comandada por Luís Farinha,
assegurou, desde logo, a continuidade de boa parte dos jogadores que haviam
integrado o plantel na época anterior, a que se juntaram alguns juniores de
grande valia como Luís Salgueiro e Rui Gouveia e mais três reforços de equipas
vizinhas.
A contratação de António Pereira para o cargo de treinador
foi um bom exemplo das aspirações do clube para este campeonato, uma vez que o
técnico era um homem com alguma experiência no futebol nacional.
A estreia do Sertanense no Distrital não foi feliz, uma vez
que a equipa saiu derrotada (0-1) da deslocação ao terreno do Desportivo de Castelo
Branco. Com a segunda jornada chegou a primeira vitória (3-2 ao
Covilhã-e-Benfica), seguindo-se um empate (1-1) em Proença-a-Nova.
As surpreendentes derrotas em casa com o Paul e fora com o
Águias de Moradal (ambas por 1-0) fizeram soar o alarme entre os jogadores,
que, a partir da sexta jornada, encetaram uma caminhada triunfante de nove
vitórias consecutivas, com alguns resultados bem dilatados pelo meio (8-0 ao
Idanhense e 5-2 ao Teixosense).
Este fantástico ciclo foi apenas interrompido à passagem da
15.ª jornada, com uma derrota (0-3) no campo do Covilhã-e-Benfica. Depois deste
desaire, mais uma série de nove vitórias consecutivas.

A supremacia da formação sertaginense foi reconhecida por
todos. Os jornais do distrito não poupavam elogios e os sócios acorriam em
massa aos jogos da equipa. Silva João, Mota, Luís António, Henrique, Alfredo,
Salgueiro, Carlos Marcelino, Girão, José Marques, Jorge Coelho, Rui Barata,
José Carlos, Rui Gouveia, Paulino ou Vítor Farinha eram alguns dos jogadores
que, com o seu futebol, faziam as gentes da Sertã sonhar mais alto.
E o sonho tornou-se realidade. Um empate (1-1) nos Escalos
de Cima e uma goleada (5-0) ao Teixosense foram os últimos capítulos de uma
história que teve um final feliz: a subida à 3.ª Divisão Nacional. E o clube
ainda arrecadou a Taça Disciplina no final da prova.
Esta temporada ficou ainda marcada pela estreia do
Sertanense em competições de cariz nacional, neste caso a Taça de Portugal.
Depois de ter ficado isento na primeira eliminatória, o conjunto da Sertã saiu
derrotado (1-2) do confronto diante do Fátima.