Os jogadores Vítor Serrano e Filipe assumiram o comando
técnico da equipa na temporada de 1986/87. Os objectivos passavam por “fazer o
melhor campeonato possível e garantir a passagem à segunda fase da prova”,
recorda Vítor Serrano.
O plantel para este ano apresentava algumas caras novas,
sobretudo de jogadores oriundos das camadas jovens e de outros recrutados em
equipas dos concelhos vizinhos.
O Desportivo de Castelo Branco foi o primeiro adversário
neste campeonato e o empate foi o resultado mais natural entre aquelas que
viriam a ser as duas equipas mais fortes da série B.
Pode dizer-se que a primeira volta do Sertanense foi
imaculada, uma vez que a equipa não perdeu um único jogo. E as vitórias
começaram logo na segunda jornada, no terreno do Cebolense (vitória por 3-1), a
que se seguiu um empate em casa (1-1) diante do Águias de Moradal e uma vitória
extremamente difícil (3-2) no campo da Lardosa.
Na quinta jornada, o Proença-a-Nova foi ‘despachado’ por 4-2
e o Vitória de Sernache, não teve argumentos para travar o poderio ofensivo
sertaginense, sendo goleado por 4-0, com Luís António a apontar dois golos.
Jorge Coelho e Mota marcaram os outros dois golos.
O empate na Sertã (0-0) frente aos Escalos surpreendeu, o
mesmo sucedendo com o empate da semana seguinte no recinto do Idanhense. Estes
dois resultados ‘atiraram’ a equipa para o segundo lugar, por troca com o
Desportivo de Castelo Branco.
Foram necessárias duas vitórias (Oleiros e Amigos de São
Tiago) para colocar novamente o Sertanense no topo da classificação, posição
que o clube registava no início da segunda volta.
O desafio com o Desportivo de Castelo Branco voltou a dar um
nulo, ao passo que o Cebolense vendeu cara a derrota na Sertã, no jogo
seguinte.
A primeira derrota chegou à 14.ª jornada, no terreno do
Águias de Moradal, que venceu com um golo solitário. No entanto, essa derrota
teve um preço e quem o pagou foi a equipa da Lardosa, que foi goleada, na
semana seguinte, por 9-1.
Depois do empate em Proença (2-2) e da vitória sobre o
Sernache (1-0), o Sertanense sofreu a segunda derrota (0-1) nesta fase e logo
diante do surpreendente Escalos, que já na primeira volta tinha dificultado a
vida ao Sertanense.
O primeiro lugar da equipa não estava em perigo e a vitória
(2-0) contra o Idanhense só o confirmou ainda mais. A terceira derrota na prova
aconteceu em Oleiros (2-3), numa altura em que a equipa já tinha entrado em
fase de descompressão, a pensar na fase-final do campeonato. Isso mesmo ficou
patenteado na última jornada, através da ‘magra’ vitória (1-0) conseguida sobre
o Amigos de São Tiago, penúltimo classificado da Série B.
As atenções viravam-se agora para a fase-final. Seis equipas
discutiam o título distrital e o Sertanense surgia como um dos grandes
favoritos a par da Desportiva do Fundão.
O primeiro adversário com que o Sertanense teve de se
confrontar foi o Atalaia. E o jogo aconteceu no campo desta equipa do concelho
do Fundão, bem conhecido de todos pelas dificuldades ai criadas e pelo público
bastante aguerrido. “Jogar na Atalaia era uma dor de cabeça para qualquer
jogador. O ambiente era muito hostil e a equipa da casa batia-se sempre muito
bem nesses jogos”, lembra Fernando Camilo.
E o empate (2-2) no final dos 90 minutos atesta bem das
dificuldades sentidas neste terreno, onde Luís António e Rui Bargão marcaram os
golos do conjunto sertaginense.
Os mesmos jogadores estiveram na base da vitória diante do
Desportivo de Castelo Branco, na segunda jornada da fase-final. Luís António
com dois golos, Rui Bargão e Jorge Coelho com um asseguraram um triunfo fácil
(4-1) contra uma formação que prometia dar muitos problemas.
Com a vitória no Estreito (1-0 sobre o Águias de Moradal), o
Sertanense subiu ao primeiro lugar da classificação e os sócios e adeptos
começaram a acreditar que a subida à 3.ª Divisão era possível.
A fé na equipa ficou bem evidente neste jogo do Estreito,
com várias pessoas da Sertã a deslocarem-se até esta localidade do concelho de
Oleiros para apoiar os jogadores.
Mas as derrotas em casa diante da Desportiva do Fundão (0-1)
e no terreno do Cariense (0-3) deitaram tudo a perder e atiraram com a equipa
para o terceiro lugar, atrás destes dois opositores.
O Sertanense não baixou os braços e nos três jogos seguintes
alcançou igual número de vitórias (Atalaia, Desportivo e Águias do Moradal),
todas elas de forma bastante convincente.
No entanto, o desafio com a Desportiva do Fundão voltou a
não correr bem e no final de jogo o placard registava mais uma vitória para a
turma fundanense.
À partida para a última jornada, a equipa sertaginense ocupava
a terceira posição, a dois pontos do Cariense, seu adversário nesta ronda. Era
necessário vencer por uma diferença superior a três golos para ainda chegar à
segunda posição (que dava acesso à 3.ª Divisão Nacional).
Num jogo de muitos nervos, os jogadores da Sertã conseguiram
chegar ao 2-1, mas depois tudo se precipitou – o árbitro Domingos Agostinho
marcou uma grande penalidade a favor do Cariense. A confusão gerou-se e os
ânimos exaltaram-se bastante dentro e fora do campo. De acordo com o relatório
do árbitro, o jogador Rui Vaz agrediu o juiz da partida no meio da confusão que
se formou logo após a marcação do penalty. A partida foi suspensa e não mais
recomeçaria, devido à falta de condições de segurança.
A imprensa do distrito deu grande destaque aos factos
ocorridos no Campo da Abegoaria, nos dias seguintes. O Sertanense não perdeu
tempo e enviou uma exposição escrita à Associação de Futebol de Castelo Branco,
onde dava conta de tudo o que se passara naquela tarde de Domingo. No entanto,
a estrutura associativa não foi sensível aos argumentos do clube e resolveu
irradiar o futebolista Rui Vaz (viria a ser amnistiado alguns anos mais tarde).
Ao mesmo tempo, o Sertanense foi punido com uma derrota (3-0) neste mesmo jogo.
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