quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Equipas do passado: Sertanense em 1986/87



Os jogadores Vítor Serrano e Filipe assumiram o comando técnico da equipa na temporada de 1986/87. Os objectivos passavam por “fazer o melhor campeonato possível e garantir a passagem à segunda fase da prova”, recorda Vítor Serrano.
O plantel para este ano apresentava algumas caras novas, sobretudo de jogadores oriundos das camadas jovens e de outros recrutados em equipas dos concelhos vizinhos.
O Desportivo de Castelo Branco foi o primeiro adversário neste campeonato e o empate foi o resultado mais natural entre aquelas que viriam a ser as duas equipas mais fortes da série B.
Pode dizer-se que a primeira volta do Sertanense foi imaculada, uma vez que a equipa não perdeu um único jogo. E as vitórias começaram logo na segunda jornada, no terreno do Cebolense (vitória por 3-1), a que se seguiu um empate em casa (1-1) diante do Águias de Moradal e uma vitória extremamente difícil (3-2) no campo da Lardosa.
Na quinta jornada, o Proença-a-Nova foi ‘despachado’ por 4-2 e o Vitória de Sernache, não teve argumentos para travar o poderio ofensivo sertaginense, sendo goleado por 4-0, com Luís António a apontar dois golos. Jorge Coelho e Mota marcaram os outros dois golos.
O empate na Sertã (0-0) frente aos Escalos surpreendeu, o mesmo sucedendo com o empate da semana seguinte no recinto do Idanhense. Estes dois resultados ‘atiraram’ a equipa para o segundo lugar, por troca com o Desportivo de Castelo Branco.
Foram necessárias duas vitórias (Oleiros e Amigos de São Tiago) para colocar novamente o Sertanense no topo da classificação, posição que o clube registava no início da segunda volta.
O desafio com o Desportivo de Castelo Branco voltou a dar um nulo, ao passo que o Cebolense vendeu cara a derrota na Sertã, no jogo seguinte.
A primeira derrota chegou à 14.ª jornada, no terreno do Águias de Moradal, que venceu com um golo solitário. No entanto, essa derrota teve um preço e quem o pagou foi a equipa da Lardosa, que foi goleada, na semana seguinte, por 9-1.
Depois do empate em Proença (2-2) e da vitória sobre o Sernache (1-0), o Sertanense sofreu a segunda derrota (0-1) nesta fase e logo diante do surpreendente Escalos, que já na primeira volta tinha dificultado a vida ao Sertanense.
O primeiro lugar da equipa não estava em perigo e a vitória (2-0) contra o Idanhense só o confirmou ainda mais. A terceira derrota na prova aconteceu em Oleiros (2-3), numa altura em que a equipa já tinha entrado em fase de descompressão, a pensar na fase-final do campeonato. Isso mesmo ficou patenteado na última jornada, através da ‘magra’ vitória (1-0) conseguida sobre o Amigos de São Tiago, penúltimo classificado da Série B.
As atenções viravam-se agora para a fase-final. Seis equipas discutiam o título distrital e o Sertanense surgia como um dos grandes favoritos a par da Desportiva do Fundão.
O primeiro adversário com que o Sertanense teve de se confrontar foi o Atalaia. E o jogo aconteceu no campo desta equipa do concelho do Fundão, bem conhecido de todos pelas dificuldades ai criadas e pelo público bastante aguerrido. “Jogar na Atalaia era uma dor de cabeça para qualquer jogador. O ambiente era muito hostil e a equipa da casa batia-se sempre muito bem nesses jogos”, lembra Fernando Camilo.
E o empate (2-2) no final dos 90 minutos atesta bem das dificuldades sentidas neste terreno, onde Luís António e Rui Bargão marcaram os golos do conjunto sertaginense.
Os mesmos jogadores estiveram na base da vitória diante do Desportivo de Castelo Branco, na segunda jornada da fase-final. Luís António com dois golos, Rui Bargão e Jorge Coelho com um asseguraram um triunfo fácil (4-1) contra uma formação que prometia dar muitos problemas.
Com a vitória no Estreito (1-0 sobre o Águias de Moradal), o Sertanense subiu ao primeiro lugar da classificação e os sócios e adeptos começaram a acreditar que a subida à 3.ª Divisão era possível.
A fé na equipa ficou bem evidente neste jogo do Estreito, com várias pessoas da Sertã a deslocarem-se até esta localidade do concelho de Oleiros para apoiar os jogadores.
Mas as derrotas em casa diante da Desportiva do Fundão (0-1) e no terreno do Cariense (0-3) deitaram tudo a perder e atiraram com a equipa para o terceiro lugar, atrás destes dois opositores.
O Sertanense não baixou os braços e nos três jogos seguintes alcançou igual número de vitórias (Atalaia, Desportivo e Águias do Moradal), todas elas de forma bastante convincente.
No entanto, o desafio com a Desportiva do Fundão voltou a não correr bem e no final de jogo o placard registava mais uma vitória para a turma fundanense.
À partida para a última jornada, a equipa sertaginense ocupava a terceira posição, a dois pontos do Cariense, seu adversário nesta ronda. Era necessário vencer por uma diferença superior a três golos para ainda chegar à segunda posição (que dava acesso à 3.ª Divisão Nacional).
Num jogo de muitos nervos, os jogadores da Sertã conseguiram chegar ao 2-1, mas depois tudo se precipitou – o árbitro Domingos Agostinho marcou uma grande penalidade a favor do Cariense. A confusão gerou-se e os ânimos exaltaram-se bastante dentro e fora do campo. De acordo com o relatório do árbitro, o jogador Rui Vaz agrediu o juiz da partida no meio da confusão que se formou logo após a marcação do penalty. A partida foi suspensa e não mais recomeçaria, devido à falta de condições de segurança.
A imprensa do distrito deu grande destaque aos factos ocorridos no Campo da Abegoaria, nos dias seguintes. O Sertanense não perdeu tempo e enviou uma exposição escrita à Associação de Futebol de Castelo Branco, onde dava conta de tudo o que se passara naquela tarde de Domingo. No entanto, a estrutura associativa não foi sensível aos argumentos do clube e resolveu irradiar o futebolista Rui Vaz (viria a ser amnistiado alguns anos mais tarde). Ao mesmo tempo, o Sertanense foi punido com uma derrota (3-0) neste mesmo jogo.

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