segunda-feira, 2 de maio de 2011

Jogadores do passado: Salgueiro

O jornal Record chamou-lhe um dia “capitão dos sete ofícios” (devido às inúmeras actividades em que estava envolvido) e o treinador Eduardo Húngaro disse que ele era “o Vítor Baía do Sertanense”. Luís Salgueiro foi isto e muito mais, numa história de vida que se confunde com a do clube que representa há mais de duas décadas, primeiro como jogador e agora como treinador adjunto de José Bizarro.
Luís Miguel Salgueiro Mendes nasceu a 17 de Setembro de 1969 e desde pequeno a sua paixão pelo desporto começou a ganhar força. Tal como a maioria dos miúdos da terra, o futebol seduziu-o e aos 10 anos já jogava no Sertanense, em partidas de carácter oficioso.
Nos anos seguintes, jogou pelos juvenis e juniores, participando nos respectivos campeonatos distritais. Por exemplo, na época de 1986/87 capitaneou a formação de juniores que se classificou em terceiro lugar no distrital, a quatro pontos do campeão, a AD Estação. Esta equipa contava também com outros ‘ilustres desconhecidos’ como Vítor Tomás, Luís Gouveia e Girão.
A estreia de Salgueiro nos seniores aconteceu na temporada de 1987/88, altura em que o Sertanense conquistou o título distrital, garantindo a subida à 3.ª Divisão Nacional na época seguinte.
Começava aqui a construir-se a ‘lenda’, que viria a ganhar forma nos anos subsequentes, muito por ‘culpa’ da temível dupla de defesa centrais que Salgueiro protagonizava com Tomás e que fazia tremer os avançados contrários. Basta perguntar a muitos dos que defrontaram esta dupla para saberem do que falamos. O treinador Kikas explorou, como ninguém, as vantagens de juntar estes dois jogadores, aquando das suas duas passagens pelo Sertanense.
As funções de Salgueiro não se esgotavam, contudo, no centro da defesa, isto porque anos houve em que a táctica o obrigava a subir mais no terreno ou a descair para uma das alas. Não era homem de marcar muitos golos, aliás, até 1994 contabilizámos apenas cinco golos na sua conta pessoal, dois dos quais apontados na temporada de 1992/93. Todavia, neste período (entre 1988 e 1994) alinhou em mais de 160 partidas oficiais pelo Sertanense.
Na época de 1994/95, rumou ao Sporting de Pombal, não porque se tivesse cansado do Sertanense, mas porque os estudos em Coimbra a isso o obrigaram. “A proximidade entre as duas cidades e o facto do Pombal alinhar nos nacionais de futebol foi decisiva na minha escolha”, explicou numa entrevista ao Jornal de Notícias, em Outubro de 2008.
Mas na temporada seguinte, Salgueiro estava de regresso ao Sertanense, actuando em 32 jogos e marcando um golo. Mais 60 desafios nas pernas, nas duas temporadas seguintes, e eis que chega um dos momentos altos da sua carreira: o desafio diante do Benfica, na inauguração do relvado do Campo de Jogos Dr. Marques dos Santos.
O calendário marcava 1 de Abril de 1998 e a Sertã vestira traje de gala para receber o Benfica, que apresentou nesse dia o seu melhor onze, com Nuno Gomes, João Pinto e Poborsky a titulares e com um ‘desconhecido’ Deco a entrar no segundo tempo.
Salgueiro recordou as incidências desse jogo numa entrevista ao diário desportivo A Bola e confidenciou mesmo que ainda guardava em casa uma foto alusiva ao desafio, ganho pelos ‘encarnados’ por 8-1.
Em 1998/99, Salgueiro regressou aos golos e somou mais 31 jogos para a sua conta pessoal – foi, a par de Tiago, o mais utilizado desta temporada negra que ditou a descida do Sertanense aos distritais.
Numa prova de amor e dedicação ao clube, não abandonou o barco e alinhou pela formação sertaginense no Distrital de Castelo Branco, competição conquistada com relativa facilidade e que permitiu o regresso à 3.ª Divisão, em 2000/01, época em que alinhou em 32 desafios.
Salgueiro foi ainda mais feliz no ano seguinte, ao ajudar o ‘seu’ Sertanense a subir à 2.ª Divisão, um feito inédito na vida do clube e que ainda hoje perdura como uma das suas grandes conquistas.
Na sua época de estreia na 2.ª Divisão ‘B’, Salgueiro, apesar de não ter conseguido ajudar o clube a manter-se neste escalão, marcou presença em 35 jogos (realizou 2794 minutos) e viu cinco cartões amarelos.
Regressado à 3.ª Divisão, voltou também aos golos (apontou um) e entrou em campo por 28 vezes.
Entre 2004 e 2007, esteve sempre com o emblema sertaginense na 3.ª Divisão, tendo jogado 86 partidas e apontado um golo.
Nas temporadas de 2007/08 e 2008/09 somou mais 42 jogos, tendo em 2008/09, ajudado o Sertanense a conquistar nova subida à 2.ª Divisão.
Estas duas épocas – as últimas da sua carreira – ficaram também marcadas pelo período de grande exposição pública que o Sertanense teve devido aos jogos com o FC Porto, a contar para a Taça de Portugal. Se na primeira partida não alinhou, devido a lesão (a direcção decidiu homenageá-lo antes do início do desafio), no segundo lá estava ele a capitanear a equipa e a jogar 61 minutos (foi substituído por Diego Campos) diante dos ‘azuis-e-brancos’.
O ‘guerreiro’ abandonou os relvados no fim da temporada de 2008/09, mas não abandonou o clube. Assumiu as funções de treinador-adjunto e por lá continua.

2 comentários:

  1. http://www.zerozero.pt/treinador.php?id=4035

    Ora aqui está toda a sua carreira

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  2. Grande Sal! Mais do que um grande jogador, um grande homem! Um abraço do teu amigo que te ensinou a fazer trivelas com o pé esquerdo naquele estilo "sacanagem"!

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